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quinta-feira, 9 de junho de 2011

A ESCOLA E SEUS PRIMEIROS PROFESSORES

Nos anos anteriores a 1913, os professores, em sua maioria, eram leigos e suas aulas eram particulares, o que dificultava o acesso de parte da população ao conhecimento, além de perpetuar o uso de métodos de ensino considerados ultrapassados para a época. Deveriam apenas repetir o que teriam aprendido com professores anteriores.

Nos registros mais antigos estão o nome de Matias Carlos de Araújo Maciel Filho seguido de Leonor Maranhão, José de Albuquerque Maranhão e Alice Wanderley, que devem ter sido professores até 1913.

A partir de então aparecem os nomes de José Rodrigues Filho (1913-1921), Olda Marinho Rodrigues (1913-1921) e Guiomar de Vasconcelos (1913-1930). Esses novos professores deveriam ter passado por uma formação na Escola Normal. Leonor Maranhão, José de Albuquerque Maranhão e Alice Wanderley devem ter ensinado na fase inicial, antes da estadualização, sem formação específica, pois são citados sem a indicação de serem professores.

Com a implantação do Grupo Escolar Pedro Velho e a mudança de paradigma, os professores antigos não são mais citados. Apenas Matias Carlos de Araújo Maciel Filho continuou. A direção da escola ficava a cargo de um professor normalista que era nomeado pelo Governo. Desta forma, o primeiro diretor nomeado foi Matias Maciel e sua função, além de administrativa, era zelar pelo prédio e pela biblioteca, cuidar da assiduidade dos professores e representar a escola perante a comunidade.

A quantidade de profissionais da educação que atendiam às exigências do Governo eram insuficientes em proporção às salas de aula. Esse fora um motivo que levara o governo a contratar pessoas sem a formação exigida. Assim, ainda tentava-se transformar essas escolas em simples empregos para protegidos.

Isso ficou bem claro com o Relatório do Governo do Estado, em 1922, que explicitou a situação preocupante nos estabelecimentos de ensino:

A administração não dispõe ainda de pessoal habilitado e, como bem se imagina, tem a cada passo de lutar contra a natural tendência de alguns para transformar essas escolas em simples empregos para protegidos.

Os problemas na Educação se arrastaram e pareciam ter encontrado uma solução, após a 2ª Guerra Mundial, com o crescimento das tendências neoliberais na economia. A Constituição de 1946 retomou o processo de discussão para por em funcionamento o que viria a ser a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação. O primeiro projeto de lei foi encaminhado ao legislativo em 1948 e gerou uma disputa entre as ideias políticas que durou mais de uma década, findando com a imposição da tendência dos liberalistas em 1961.

Entre as principais resoluções da LDB de 1961 se destacou a autonomia aos órgãos estaduais; a obrigatoriedade de investimento de 12% do orçamento da União e 20% dos municípios na educação; matrícula obrigatória nos quatro anos do ensino primário; formação do professor para o ensino primário no ensino normal de grau ginasial ou colegial; formação do professor para o ensino médio nos cursos de nível superior. Ficava também definido um ano letivo de 180 dias e ensino religioso facultativo.

Em 1969 surgiu a Escola Cnecista[1] 16 de Julho, que iniciou as atividades com o nome de Nossa Senhora da Conceição, e, por não ter prédio próprio, se estabeleceu no prédio do Grupo Escolar Fabrício Maranhão. Era uma escola que possuía organização de caráter privado, mas que recebia ajuda governamental. A escola funcionava apenas no turno noturno.

A Escola 16 de Julho mostrou a falta de investimentos dos governos na Educação Pública. Os avanços desse período foram muito tímidos. Excetuando-se as mudanças que Getúlio Vargas promoveu em seu primeiro governo, os avanços mais significativos tinham ocorrido no início da República.

A escola Municipal José de Carvalho e Silva também se configurou como uma tentativa de melhoria educacional para o município, pois a instrução tornara-se bastante carente e dependente quase que exclusivamente do Grupo Escolar Fabrício Maranhão. Muito embora a cidade tivesse experimentado uma escola de comércio, por volta de 1955, faltavam investimentos maiores no setor educacional.

O juiz, o padre, o médico, o advogado eram os professores da escola pública. Eles eram qualificados em conhecimentos, possuíam formação superior, mas não eram qualificados em Didática. A formação dada por esses profissionais tinham como base os ideais da elite dominante e privilegiava a informação e não o conhecimento. Com aumento do número de alunos nas escolas, os governos foram obrigados a improvisar professores e prédios. A qualidade caiu. Os recursos continuaram insuficientes. A classe média abandona de vez a escola pública.

O próprio Governo Militar, que pregava a moral e os bons costumes, relegou à Educação um plano secundário. As elites logo encontraram estratégias para manterem-se bem instruídas. As escolas particulares tiveram a grande oportunidade de transformar a Educação em uma mercadoria e criar uma estratificação dentro do ensino. Mais uma vez, na História Brasileira, o hiato entre as classes sociais se aprofundou abruptamente.

Em 1977, com a mudança na nomenclatura, o Grupo Escolar Fabrício Maranhão passa a se chamar de Escola Estadual de 1º Grau Fabrício Maranhão. Algumas mudanças como o cargo de Vice-Diretor e o de Supervisor foram implantadas nessa época.

A primeira vice-diretora, a partir da documentação encontrada na escola, foi a professora Maria Auxiliadora de Carvalho Silva[2], que permaneceu no cargo entre 1978 e 1986. A primeira professora a atuar no cargo de supervisora foi Tereza Cristina de Souza Araújo, no período de 1977 até 1986.

A presença de um vice-diretor e de supervisores foi um avanço muito profundo, se comparado com os primeiros anos da escola, quando o diretor também teria que ocupar a função de professor em sala de aula. Ao mesmo tempo a formação dos docentes era encarada apenas como um complemento, com cursos que não supriam as necessidades.

A segunda metade do século 20, especialmente as últimas décadas, foi um momento difícil na história da Escola, que sofreu um processo de desgaste social muito forte. A falta de critérios na escolha de gestores e docentes colocou a educação em situação de vilipêndio. A recuperação se deu a partir da LDB de 1996 e do FUNDEF, transformado em FUNDEB. Mas isso se configurou apenas em processo que se fortaleceu no fim da primeira década do século 21, quando um novo modelo foi proposto para a comunidade escolar.

A partir do ano de 2007 ocorreu a implantação da gestão democrática na escola com a primeira eleição direta para Diretor e Vice-Diretor, sendo eleitas as professoras Lúcia Maria Alencar Freire e Margareth Maria Pinheiro da Câmara para um mandato de dois anos (2007-2008).

Na eleição de 2008 foi eleita a Professora Maria Lúcia Silva Galvão e o Professor Ednaldo Faustino Velozo para o mandato de 2009 a 2010, que foi prontamente ratificado pela comunidade escolar para o biênio 2011-2012.

A implantação do Ensino Médio, em 2010, através da modalidade de Ensino de Jovens e Adultos, retomou uma matrícula regular que decaiu a cada ano. O esforço da direção, professores e funcionários em manter um ambiente de trabalho propício ao crescimento pessoal foi fundamental para o sucesso repentino da Escola.

Os números indicam o crescimento de confiança da comunidade na Escola. O número de abandono e transferidos tem diminuído e aumentado a quantidade de que procuram vagas na escola. Em 2006 o número de alunos era de 529, em 2007 caiu para 477, em 2008 houve uma pequena retomada alcançando 546 alunos matriculados. A partir de então os números tomam proporções maiores com 587 alunos em 2009 e chagando a incrível marca de 673 alunos em 2010. Com a transformação de uma sala de aula em sala de vídeo, em 2011 a avaliação inicial mostrou a quantia de 650 alunos na escola.



[1] CNEC - Campnha Nacional de Escolas da Comunidade.

[2] Dona Dorinha, como era conhecida.

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