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quinta-feira, 9 de junho de 2011

PROFESSORES AO LONGO DA HISTÓRIA

A lista de professores que aqui colocamos foi feita a partir dos documentos encontrados no arquivo da escola. Muitos desses documentos já se encontram em estado de deterioração avançado. Segundo Algumas informações, muitos documentos foram perdidos durante a enchente de 1964, que atingiu a escola.

O trabalho se mostrou muito importante para resgatar a memória da instituição e também para denunciar a falta de interesse pela conservação da memória das escolas. Não há investimentos para o serviço de guarda e acondicionamento desse material, que pode desaparecer em breve.

Para fazer essa lista foram consultados os livros de ata que trazem informações fragmentadas do período entre 1913 e 1943 e que foram complementados com pesquisas bibliográficas extras. Os livros de ponto nos deram informações a partir de 1964. O resultado é a listagem que temos a seguir:

Antes de 1913:

Matias Carlos de Araújo Maciel Filho

Leonor Maranhão

José de Albuquerque Maranhão

Alice Wanderley

Depois de 1913:

Matias Carlos de Araújo Maciel Filho (1913-1925)

José Rodrigues Filho (1913-1921)

Olda Marinho Rodrigues (1913-1921)

Guiomar de Vasconcelos (1913-1943)

Josefa Botelho (1922)

Helena Botelho (1922)

Armina Câmara (1923)

José Fabrício de Souza (1923-1924)

Julieta Alice de Souza (1924)

Clidenor Augusto de Freitas (1934)

Alzira Nunes de Queiroz (1934)

Isa Fontoura (1934-1935)

Valdomira Calafange (1934-1937)

João Alvares de França (1934)

Clovis Galvão da Costa (1934)

Adélia de Castro Miranda (1935-1939)

Alzira Calafange (1935-1936)

Nicaulis do Carmo e Silva (1935)

Maria Nazareth Wanderley de Oliveira (1935-1936)

Filadélfia de Siqueira Costa (1936-1937)

Ana Anita de Mello (1936-1943)

Lydia dos Santos (1936-1937)

Olívia Aurélia de Mello (1937-1943)

Edilzeta Athayde de Mello (1937-1938)

Maria Barreto Ramalho (1937- 1938)

Adélia de Castro Miranda (1938-1940)

Maria das Neves Cavalcante (1939)

Maria do Carmo Gouveia (1939-1943)

Nazaré Freire de Lira (1939)

Nireida Freire (1939)

Izabel Jorge Moreira (1941)

Alba da Silva Barros (1941)

Luiz Paulo da Silva (1941-1942)

Maria Raimunda de Souza Carvalho (1942)

Hilda Machado Barbosa (1942-1943)

Clotilde Palhano da Costa[1] (1942-1971)

Adelaide Maciel (1942-1943)

Amália Câmara de França (1943)

Maria de Lourdes Calafange (1943)

Entre 1943 e 1964 não foram encontrados documentos escritos sobre os profissionais que atuaram na escola.

Depois de 1963:

Antônia Gomes de Oliveira (1964)

Lucy Fernandes Bezerra (1964-1966)

Dinalva Fernandes Pessoa (1964-1969)

Maria da Conceição Gomes (1964-1988)

Diva Viana Francelino[2] (1964-1988)

Maria Pessoa Alves (1964-1984)

Lenice da Cruz (1964-1966)

Josefa do Nascimento Silva (1964-1964)

Maria Frassinetti Quaresma (1964-1968)

Lúcia Barreto da Costa (1964-1966)

Maria Auxiliadora de Carvalho Silva (1964-1986)

Severina do Carmo Marinho (1964-1969)

Maria de Lurdes Marinho (1964-1968)

Juraci Leopoldina Câmara de Bakker (1964)

Vanda Ambrósio Pessoa Cavalcante (1965-1967)

Josefa Freire de Moura (1964-1976)

Maria do Carmo Guedes (1966-1983)

Onélia Ferreira da Silva (1966)

Tereza Cristina de Souza Araújo (1966-1986)

Joana D’Arc Marinho (1969)

Berlene Andrade de Lima (1969)

Joana Guedes da Silva (1969)

Maria de Lourdes Macena (1970-1974)

Lúcia Morais de Albuquerque (1970)

Maria Francinete de Moura (1970)

Maria das Graças Martins (1970-1971)

Jacinta Maria Morais (1970)

Maria D’Arc Fernandes Bezerra (1970-1971)

Maria de Fátima Pereira (1971)

Maria José Gonzaga Torres (1971)

Josefa Firmino Soares Vieira (1971-1975)

Terezinha Lacerda Ferreira Medeiros (1971-1985)

Ana Maria Martins de França (1972; 1977-2001)

Maria das Neves Araújo Cândido (1972)

Neuza Rocha Barreto (1972-1980)

Raimunda Maria Vieira Oliveira (1972)

Maria de Fátima Gomes de Oliveira (1972)

Maria de Fátima Pessoa Alves de Oliveira (1972-1979; 1988-1993)

Maria Madalena Guedes (1972)

Maria José Soares (1972)

Dulce Fernandes Bezerra (1972-1976)

Dinalva Cavalcante Silva (1972)

Marly Jacob Viana (1973-1974)

Josenice Josineide da Sousa (1973)

Maria da Penha Bezerra Muniz (1973-1976; 1988-1992; 1997-1999)

Maria Aldenora da Silva (1974-1990)

Dinalva Fernandes Pessoa (1974)

Maria José Vieira Mendes (1975-1976)

Josilda Firmino Soares (1975)

Maria Francelino de Moura (1976)

Lídia Maria da Cruz Silva (1977-1988)

Edilza da Silva Bezerra (1977-2001)

Ana Maria Alves da Silva (1977)

Maria Antonieta do Nascimento (1978)

Santina Torres da Silva Martins (1977-2001)

Maria Moisés dos Santos Silva (1979-1980)

Geralda da Silva (1979-1986)

Maria Nilza Veloso Maranhão (1980-2001; 2011)

Marlira Felipe Bezerra (1981-2004)

Nadir Dantas de Araújo (1981)

Lúcia Maria Alencar Freire (1981-2008)

Suely Bezerra Cavalcante (1981-1982)

Maria das Neves do Nascimento (1982; 1994-1995)

Luzia Pereira de Paiva (1983)

Telma Suely Oliveira de Araújo (1983-2011)

Marlucia Lopes da Silva (193-1986; 1989-1992)

Josefa Freire de Oliveira Souza (1985-1986; 1988-1990)

Severina Borges da Costa Silva (1985-1986)

Ivanira Martins de Souza (1985)

Vanda Ambrósio Pessoa Cavalcante (1985-1988)

Carmem Gláucia Marinho de Carvalho (1985-1986)

Marineide Berto da Silva (1985-1986)

Lúcia Helena Firas Rafael (1986-1991)

Vanja Lúcia Silva de Oliveira (1986-1987)

Lúcia Medeiros de Santana (1986-1987)

Maria Nazaré de Negreiros Santos (1986)

Maria Magnólia da Silva Freitas (1986-2011)

Rezangela Maria de Araújo (1986-1993)

Maria de Fátima Barbosa Moreira (1986-2011)

Verônica Lúcia Viana (1986)

Maria Lúcia da Silva Almeida (1986-2011)

Vera Lúcia de Menezes (1987-2001; 2004)

Maria Aparecida Soares de Araújo Lima (1987-1990)

Maria de Fátima Carvalho de Albuquerque (1987-2002[3]; 2004; 2011)

Hortência Gomes da Costa Freire (1987-1989)

Marília Campos da Silva (1987)

Francisca Alves Pessoa Bezerra (1987-1998)

Ângela Maria Galdino de Castro (1987-1995; 2001-2004)

Severino Lourenço da Silva (1988-1991)

Maria do Desterro Arruda de Araújo (1988-1991; 1995-1999; 2001-2005)

Maria Izabel da Silva (1989-2000[4])

Maria Assunção de Lima e Silva (1989-1992)

Conceição de Oliveira Veloso (1989)

Maria Nicélia da Silva Barbalho (1991-2004; 2008-2010)

Ana Isabel Lacerda de Medeiros Fagundes (1991-1997)

Rosa Maria Lisboa Viana (1991-2001; 2004)

Margareth Maria Pinheiro da Câmara (1994-2002; 2004-2009)

Maria das Neves Pereira da Silva (1997-1998)

Ivânia da Silva Martins (1998)

Rosângela Maria de Oliveira Sidon (1999-2002)

Aldeniza Gurgel Batista Souza (2000-2002)

Joselba Ciane Rocha (2000-2002)

Nilson Ferreira da Silva (2000-2004)

Maria Isabel Gomes (2001)

Ednaldo Faustino Velozo (2001-2011)

Paulo Sérgio Ribeiro (2001)

Luiz Rodolfo Paiva de Oliveira (2001-2004)

Alexandre Magno Alves de Araújo (2002)

Ivaldo Ramos Freire (2002-2011)

Karina Lisboa de Castro (2002)

Ângela Patrícia Galdino de Castro (2003-2004)

Maria Lúcia Silva Galvão (2003-2011)

Cristina Oliveira dos Santos (2004)

Não há documentos do período de 2005 até 2007.

Depois de 2007:

Maria Auxiliadora Vieira (2008-2009)

Florinda Segunda Martins de Melo (2008)

Walkíria Genuíno de Oliveira (2008; 2010)

Josiane Macena da Cruz (2008)

Ivanice Oliveira Albuquerque (2008)

Edna Maria dos Santos Vieira (2008)

Isabele Riane de Andrade (2008)

Polyana Araújo de Oliveira (2008-2011)

Francisco Alves Galvão Neto (2008-2011)

Marcos Manoel Pedroza (2009-2011)

Lucivaldo Lourenço Messias (2009)

Jackson Adriano da Silva Abreu (2009-2010)

Alexsandro Marculino da Silva (2010)

Eudes Pereira Gomes (2010)

João Batista Farias Rodrigues (2010-2011)

Antônio Paulino (2010)

Sônia Maria Gomes de Lima (2010)

Amadeu França de Araújo Neto (2010)

Alessandra Gomes da Silva (2010)

Kécia dos Santos Silva (2011)

Eriberto da Silva Bezerra (2011)

Suely Suleide da Silva (2011)

Samara Greice de Lima Silva (2011)

Maria Jeane do Nascimento Lima (2011)

Emília Maria Chaves de Sousa (2011)

Marcos Antônio Lopes Leite (2011)



[1] Clotilde de Melo Palhano.

[2] Trabalhou de 1980 até 1983 na secretaria.

[3] Trabalhou o ano de 1996 na secretaria da escola.

[4] Trabalhou o ano de 1995 na secretaria da escola.

A ESCOLA E SEUS PRIMEIROS PROFESSORES

Nos anos anteriores a 1913, os professores, em sua maioria, eram leigos e suas aulas eram particulares, o que dificultava o acesso de parte da população ao conhecimento, além de perpetuar o uso de métodos de ensino considerados ultrapassados para a época. Deveriam apenas repetir o que teriam aprendido com professores anteriores.

Nos registros mais antigos estão o nome de Matias Carlos de Araújo Maciel Filho seguido de Leonor Maranhão, José de Albuquerque Maranhão e Alice Wanderley, que devem ter sido professores até 1913.

A partir de então aparecem os nomes de José Rodrigues Filho (1913-1921), Olda Marinho Rodrigues (1913-1921) e Guiomar de Vasconcelos (1913-1930). Esses novos professores deveriam ter passado por uma formação na Escola Normal. Leonor Maranhão, José de Albuquerque Maranhão e Alice Wanderley devem ter ensinado na fase inicial, antes da estadualização, sem formação específica, pois são citados sem a indicação de serem professores.

Com a implantação do Grupo Escolar Pedro Velho e a mudança de paradigma, os professores antigos não são mais citados. Apenas Matias Carlos de Araújo Maciel Filho continuou. A direção da escola ficava a cargo de um professor normalista que era nomeado pelo Governo. Desta forma, o primeiro diretor nomeado foi Matias Maciel e sua função, além de administrativa, era zelar pelo prédio e pela biblioteca, cuidar da assiduidade dos professores e representar a escola perante a comunidade.

A quantidade de profissionais da educação que atendiam às exigências do Governo eram insuficientes em proporção às salas de aula. Esse fora um motivo que levara o governo a contratar pessoas sem a formação exigida. Assim, ainda tentava-se transformar essas escolas em simples empregos para protegidos.

Isso ficou bem claro com o Relatório do Governo do Estado, em 1922, que explicitou a situação preocupante nos estabelecimentos de ensino:

A administração não dispõe ainda de pessoal habilitado e, como bem se imagina, tem a cada passo de lutar contra a natural tendência de alguns para transformar essas escolas em simples empregos para protegidos.

Os problemas na Educação se arrastaram e pareciam ter encontrado uma solução, após a 2ª Guerra Mundial, com o crescimento das tendências neoliberais na economia. A Constituição de 1946 retomou o processo de discussão para por em funcionamento o que viria a ser a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação. O primeiro projeto de lei foi encaminhado ao legislativo em 1948 e gerou uma disputa entre as ideias políticas que durou mais de uma década, findando com a imposição da tendência dos liberalistas em 1961.

Entre as principais resoluções da LDB de 1961 se destacou a autonomia aos órgãos estaduais; a obrigatoriedade de investimento de 12% do orçamento da União e 20% dos municípios na educação; matrícula obrigatória nos quatro anos do ensino primário; formação do professor para o ensino primário no ensino normal de grau ginasial ou colegial; formação do professor para o ensino médio nos cursos de nível superior. Ficava também definido um ano letivo de 180 dias e ensino religioso facultativo.

Em 1969 surgiu a Escola Cnecista[1] 16 de Julho, que iniciou as atividades com o nome de Nossa Senhora da Conceição, e, por não ter prédio próprio, se estabeleceu no prédio do Grupo Escolar Fabrício Maranhão. Era uma escola que possuía organização de caráter privado, mas que recebia ajuda governamental. A escola funcionava apenas no turno noturno.

A Escola 16 de Julho mostrou a falta de investimentos dos governos na Educação Pública. Os avanços desse período foram muito tímidos. Excetuando-se as mudanças que Getúlio Vargas promoveu em seu primeiro governo, os avanços mais significativos tinham ocorrido no início da República.

A escola Municipal José de Carvalho e Silva também se configurou como uma tentativa de melhoria educacional para o município, pois a instrução tornara-se bastante carente e dependente quase que exclusivamente do Grupo Escolar Fabrício Maranhão. Muito embora a cidade tivesse experimentado uma escola de comércio, por volta de 1955, faltavam investimentos maiores no setor educacional.

O juiz, o padre, o médico, o advogado eram os professores da escola pública. Eles eram qualificados em conhecimentos, possuíam formação superior, mas não eram qualificados em Didática. A formação dada por esses profissionais tinham como base os ideais da elite dominante e privilegiava a informação e não o conhecimento. Com aumento do número de alunos nas escolas, os governos foram obrigados a improvisar professores e prédios. A qualidade caiu. Os recursos continuaram insuficientes. A classe média abandona de vez a escola pública.

O próprio Governo Militar, que pregava a moral e os bons costumes, relegou à Educação um plano secundário. As elites logo encontraram estratégias para manterem-se bem instruídas. As escolas particulares tiveram a grande oportunidade de transformar a Educação em uma mercadoria e criar uma estratificação dentro do ensino. Mais uma vez, na História Brasileira, o hiato entre as classes sociais se aprofundou abruptamente.

Em 1977, com a mudança na nomenclatura, o Grupo Escolar Fabrício Maranhão passa a se chamar de Escola Estadual de 1º Grau Fabrício Maranhão. Algumas mudanças como o cargo de Vice-Diretor e o de Supervisor foram implantadas nessa época.

A primeira vice-diretora, a partir da documentação encontrada na escola, foi a professora Maria Auxiliadora de Carvalho Silva[2], que permaneceu no cargo entre 1978 e 1986. A primeira professora a atuar no cargo de supervisora foi Tereza Cristina de Souza Araújo, no período de 1977 até 1986.

A presença de um vice-diretor e de supervisores foi um avanço muito profundo, se comparado com os primeiros anos da escola, quando o diretor também teria que ocupar a função de professor em sala de aula. Ao mesmo tempo a formação dos docentes era encarada apenas como um complemento, com cursos que não supriam as necessidades.

A segunda metade do século 20, especialmente as últimas décadas, foi um momento difícil na história da Escola, que sofreu um processo de desgaste social muito forte. A falta de critérios na escolha de gestores e docentes colocou a educação em situação de vilipêndio. A recuperação se deu a partir da LDB de 1996 e do FUNDEF, transformado em FUNDEB. Mas isso se configurou apenas em processo que se fortaleceu no fim da primeira década do século 21, quando um novo modelo foi proposto para a comunidade escolar.

A partir do ano de 2007 ocorreu a implantação da gestão democrática na escola com a primeira eleição direta para Diretor e Vice-Diretor, sendo eleitas as professoras Lúcia Maria Alencar Freire e Margareth Maria Pinheiro da Câmara para um mandato de dois anos (2007-2008).

Na eleição de 2008 foi eleita a Professora Maria Lúcia Silva Galvão e o Professor Ednaldo Faustino Velozo para o mandato de 2009 a 2010, que foi prontamente ratificado pela comunidade escolar para o biênio 2011-2012.

A implantação do Ensino Médio, em 2010, através da modalidade de Ensino de Jovens e Adultos, retomou uma matrícula regular que decaiu a cada ano. O esforço da direção, professores e funcionários em manter um ambiente de trabalho propício ao crescimento pessoal foi fundamental para o sucesso repentino da Escola.

Os números indicam o crescimento de confiança da comunidade na Escola. O número de abandono e transferidos tem diminuído e aumentado a quantidade de que procuram vagas na escola. Em 2006 o número de alunos era de 529, em 2007 caiu para 477, em 2008 houve uma pequena retomada alcançando 546 alunos matriculados. A partir de então os números tomam proporções maiores com 587 alunos em 2009 e chagando a incrível marca de 673 alunos em 2010. Com a transformação de uma sala de aula em sala de vídeo, em 2011 a avaliação inicial mostrou a quantia de 650 alunos na escola.



[1] CNEC - Campnha Nacional de Escolas da Comunidade.

[2] Dona Dorinha, como era conhecida.

A FUNDAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR PEDRO VELHO

A instalação do Grupo Escolar Pedro Velho se configurou como um espaço educacional privilegiado na educação do município, marcando profundamente a localidade. Devido a sua estrutura física e a dedicação de seus mestres, várias gerações tiveram acesso ao saber sistematizado que seria o ideal para o Brasil republicano.

A Escola Pedro Velho foi fundada em 14 de junho de 1911, por iniciativa particular, mas com o apoio da Intendência[1] de Canguaretama. Nesse período muitas escolas estavam sendo implantadas em todo o Rio Grande do Norte, mas o município de Canguaretama não havia sido contemplado com nenhuma.

Ainda em 13 de setembro de 1911 a escola passou a se chamar Grupo Municipal Pedro Velho, quando a Intendência de Canguaretama assumiu definitivamente a responsabilidade sobre 160 alunos matriculados na instituição.

A responsabilidade da intendência sobre a instituição não significou a vinda imediata de professores habilitados para a escola. Os professores normalistas ainda eram raros, custavam mais caro que os antigos mestres-escolas e eram destinados para os estabelecimentos dos outros municípios que receberam os grupos escolares.

Estando Canguaretama localizada no interior potiguar e necessitando de profissionais habilitados, em 1913, o coronel Fabrício Maranhão, presidente da Intendência, solicitou ao Governador do Estado, Alberto Maranhão, a criação de um grupo escolar para o município.

O Grupo Escolar Pedro Velho foi instalado, então, a partir da estadualização de uma escola homônima que já existia desde 1911. Sua institucionalização se deu através da Lei nº 186, de 10 de julho de 1913. O pedido do intendente foi publicado no Jornal A Republica da seguinte forma:

O presidente da Intendência de Canguaretama, coronel Fabrício Maranhão, dirigiu ao Excelentíssimo Governador do Estado, o seguinte ofício: Venho oferecer a vossa Excelência, nos termos da legislação vigente, o edifício já conhecido de vossa Excelência e das autoridades superiores do Ensino Público no Estado, em que funciona nesta cidade o Grupo Escolar Pedro Velho para nele ser instalado um grupo escolar do estado, visto não ter encontrado a Intendência do Município professores para preencher as vagas existentes.

Na verdade, o governo do estado assumiu as despesas com uma escola que já existia. A falta de professores capacitados no município teria sido o motivo principal para o pedido de estadualização. Fabrício Maranhão teria usado de seu prestígio político para influenciar na decisão do decreto de estadualização, pois era membro destacado da situação, irmão do governador e intendente em Canguaretama.

A estadualização da escola pode ter sido também uma estratégia política que diminuía os gastos da intendência em relação à educação. Observemos que entre 1908 e 1912 foram inaugurados 23 grupos escolares e, então, no final do mandato, quando já parecia encerrado o processo, surgiu mais um, em 1913, o Grupo Escolar Pedro Velho, situado em Canguaretama.

A Intendência municipal não teve recursos suficientes ou não teve interesses para manter a escola. De alguma forma parece ter havido pressão de parte da população, em especial da classe média, que anteriormente deveria ter tentado manter a instituição, para que o Governo Estadual se responsabilizasse por sua manutenção.

De uma forma ou de outra, não se pode negar que o Grupo Escolar Dr. Pedro Velho foi o marco que assinalou o primeiro passo renovando o ensino oficial do município. Mas é preciso lembrar que essa escola já havia sido instalada desde 1911, por iniciativa particular e recebia o apoio da Intendência de Canguaretama. A escola foi passada para a administração estadual em 1913 porque deveria ser oneroso o pagamento dos professores, tanto para iniciativa privada quanto para a intendência.

O nome da escola era uma homenagem ao outro irmão, Pedro Velho, que fundou a oligarquia que dominou o Rio Grande do Norte no período inicial da Primeira República. Em 1913, o mandato de Alberto Maranhão estava chegando ao fim e havia o risco da oligarquia ser quebrada, como de fato aconteceu.

Foi Alberto Maranhão, o último governador da oligarquia, o mentor dessa ideia de imortalizar os parentes. Quando esteve pela segunda vez como governador, os irmãos Augusto Severo e Pedro Velho já haviam falecidos. Restavam apenas ele e Fabrício Maranhão. Nessa mesma época até o município de Cuitezeiras teve o nome mudado para Pedro Velho, em homenagem ao irmão.

Em Canguaretama há uma rua chamada Fabrício Maranhão, outra chamada Dr. Pedro Velho e uma praça com o nome de Augusto Severo. Em municípios como Pedro Velho, Nova Cruz e Natal há também escolas, ruas e praças com os nomes desses ilustres irmãos. Assim, a escolha do nome de Pedro Velho para a escola deu-se por questões óbvias.

Ele era figura destacada dentro da família e peça central da oligarquia que governou o Rio Grande do Norte na República Velha. Falecido em 1907, foi imortalizado pela família com nome em praças, ruas e prédios públicos. No Rio Grande do Norte é raro uma cidade que não tenha uma rua ou prédio público homenageando esse ex-governador.

Em 1936 ocorreu a mudança de nome da escola através da Lei n.º 10, de 17 de outubro daquele ano. A partir do ano de 1937 todos os documentos da escola passaram a trazer a nova denominação de Grupo Escolar Fabrício Maranhão. Dizem que essa mudança foi uma iniciativa do Deputado Estadual Abelardo Calafange, eleito em 1934 pelo PSN, que era médico em Natal e havia sido aluno do Grupo Escolar Pedro Velho.

O prédio original da escola teria sido erguido com recursos da Intendência de Canguaretama e localizava-se à Rua principal da cidade, chamada de Rua Grande naquela época, mas que passou a ser denominada de Rua Getúlio Vargas com a implantação do Estado Novo (1937).

Esse prédio foi construído por volta de 1910 e possuía características ecléticas[2], marcada pelos elementos da Art Nouveau, que era o modelo arquitetônico padrão da época, especialmente para as construções públicas. Outros prédios de Canguaretama foram construídos nessa mesma época e seguiram o mesmo padrão de arquitetura, como a Igreja Matriz, em 1900; a casa de Fabrício Maranhão (prefeitura), em 1910; o mercado público, em 1910; o sobrado do engenho Pituaçu e a residência da família Gomes, por volta de 1920; a Mesa de Rendas (antiga Coletoria, onde também funcionou o BANDERN, Biblioteca e Restaurante Popular), por volta de 1920.

O antigo prédio do Grupo Escolar Pedro Velho era composto por quatro salas de aula; dois banheiros, um masculino e outro feminino; um banheiro para os funcionários; uma secretaria; uma sala de direção e um salão para eventos.

Outro prédio foi inaugurado para servir ao Grupo Escolar Fabrício Maranhão, em 1960, durante o governo de Dinarte de Medeiros Mariz. Dessa forma, ocorreu a transferência da escola, da Rua Getúlio Vargas para a Rua Doutor Pedro Velho.

O antigo prédio da escola estava em péssimo estado de conservação e pertencia ao patrimônio municipal. Durante os anos de 1960, o prédio ficou abandonado e deteriorou-se ainda mais, até ser demolido para a construção da Escola Municipal José de Carvalho e Silva, que passou a funcionar em 1972.

Para se adaptar às novas leis, em 25 de abril de 1978 a escola foi autorizada para a etapa da Educação Básica com Ato de Autorização nº: 430/78, publicado no Diário Oficial nº 4307, em 6 de maio de 1978. O Ato de Reconhecimento, sob o número nº 528/80, foi instituido em 20 de maio de 1980 e publicado no Diário Oficial nº 4900, em 22 de agosto de 1980.

Atualmente a escola funciona sob a denominação de Escola Estadual Fabrício Maranhão, administrada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Do prédio original, que havia apenas quatro salas de aulas, foram acrescentadas mais duas. Nessas seis salas de aulas atuais funciona uma turma de Ensino Fundamental I no turno matutino, dez turmas do Ensino Fundamental II nos turnos matutino e vespertino e seis turmas de Ensino Médio no turno noturno.



[1] Até a Revolução de 1930 eram assim chamadas algumas prefeituras.

[2] Para muitos teóricos tratava-se da arquitetura neoclássica tardia.